A actual discussão sobre a licitude da licenciatura do ministro Miguel Relvas e do seu pouco claro passado enquanto estudante do ensino superior, traz-nos à memória a longa e intrincada novela sobre o curso de engenharia do anterior primeiro ministro, o Eng. José Sócrates.
Ao contrário do que parece ser ainda a convicção dos portugueses, um curso superior não confere qualquer garantia de capacidade política àqueles que, formal ou menos formalmente, o frequentaram e concluíram. E desde há algum tempo, como é sabido, um curso superior nem sequer é garantia de maior facilidade de empregabilidade.
Contudo, como se tem visto, esta obsessão dos portugueses pelo "canudo" leva mesmo alguns a fazer as maiores tropelias para o obterem ou, não o conseguindo de todo, a fingirem ter habilitações literárias que de facto não possuem. Lamentável!
Vários políticos de grande prestígio internacional, não concluíram cursos superiores e alguns nem sequer tiveram possibilidade de os frequentar. Recordemos o caso, ainda bem recente, do anterior presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
Mas, como escreve hoje no "Jornal de Negócios" o economista Camilo Lourenço, «Esta procura obsessiva do título académico é um bom retrato da sociedade
portuguesa (um político não é mais competente por ser licenciado). Se
ela ficasse restrita às quatro paredes da casa de cada um, nenhum mal
viria (a não ser o desemprego). O pior é quando essas obsessões chegam à
vida política, como aconteceu com Sócrates e Relvas (quantos mais casos
haverá…?). Passam para a sociedade a ideia de que, quando se é
político, tudo se consegue.»
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