Organizado pela Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos, decorreu na cidade do Porto, de 21 a 23 de Junho, o XV Congresso Nacional de Medicina, subordinado ao tema "A Ordem dos Médicos no Século XXI".
Como infelizmente vem sendo hábito em Portugal, a respectiva sessão de abertura, em que esteve presente a Ministra da Saúde, iniciou-se quase uma hora depois do que estava programado. Foram escutadas com interesse as intervenções do Presidente da Secção Regional do Norte e do Bastonário da Ordem, este em fim de mandato, que manifestaram dúvidas e apreensão acerca da actual política de saúde do governo e dos cortes orçamentais que são propostos. A ministra, dra. Ana Jorge, finalizou a sessão com uma intervenção atabalhoada e nada esclarecedora, pouco consonante com as questões apresentadas anteriormente.
Saídos os protagonistas da sessão de abertura, foi dado início aos trabalhos do Congresso. E surgiu a surpresa. Estava programado um "colóquio" (sic) sobre o tema "A Arquitectura e o Futuro", da responsabilidade do arquitecto Souto Moura. Descontraído, divertido, com modos bastante simpáticos, começou por cumprimentar todos os presentes e anunciar que não sabia bem porque tinha sido convidado, pois não era médico e também não estava ali para falar de arquitectura para médicos, muito menos para falar do futuro, até porque não sentia aptidão para adivinho. Decidira então vir falar sobre uma das mais conhecidas e discutidas das suas obras, o original estádio de futebol construído para o Euro 2009 na cidade de Braga... E foi isso que concretizou, apoiando a sua breve e humorada exposição em diapositivos que ilustravam a primitiva concepção e o subsequente desenvolvimento e conclusão do projecto, por entre as múltiplas peripécias e dificuldades que foram ocorrendo, à boa maneira portuguesa.
Acabou por ser uma palestra (não um colóquio) bastante agradável, pela sua ligeireza e pela curiosidade que suscitou à medida que ia relatando a forma como conseguia ultrapassar, graças ao apoio de uma excelente equipa de engenheiros, todos os muitos imprevistos que ocorreram até à inauguração do estádio.
Mas devemos interrogar-nos acerca da justificação da presença deste orador e do tema anunciado na programação de um Congresso Médico. Não seria mais adequado que um arquitecto ou engenheiro experiente no tema viesse falar a médicos sobre a problemática da arquitectura de projectos de hospitais, de clínicas médicas e cirúrgica ou de centros de saúde, ajustada a uma época de constante evolução tecnológica? Era isto que legitimamente era esperado.
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