sexta-feira, 7 de maio de 2010

«Antidepressivos podem melhorar a saúde cardíaca» (?)

A conclusão (?) é inferida a partir de um estudo, apresentado na reunião anual da  American Physiological Society, com base numa investigação que comparou 25 indivíduos com depressão, tratados com inibidores selectivos da recaptação da serotonina (ISRS), com 25 pessoas saudáveis que não tomavam antidepressivos.

Os resultados mostraram que, às quatro semanas, a taxa de agregação plaquetária era de 95% nos voluntários saudáveis e de 37% nos indivíduos tratados com ISRS. No entanto, os investigadores verificaram que a taxa de agregação aumentou, às oito semanas, comparativamente às quatro, o que sugere que os ISRS têm um pico de efeito sobre as plaquetas no início do tratamento.

E perante esta constatação o líder da investigação, Evangelos Litinas, da Loyola University Medical Center, nos EUA., declarou que “Há provas claras de que os pacientes deprimidos correm um maior risco de desenvolver doença cardiovascular e queremos eliminar esse problema de saúde. Se a depressão for tratada com um ISRS, talvez o risco de doença cardiovascular possa ser reduzido. Queremos que os nossos pacientes vivam mais e mais felizes, sem depressão ou problemas cardíacos”.

No mínimo a afirmação é arrojada. Um estudo, realizado numa amostra reduzidíssima, que apenas conclui haver uma taxa de agregação mais favorável nos doentes tratados com ISRS às oito semanas, mas que se atenua depois e que, a partir destes dados, pretende inferir que "os antidepressivos podem melhorar a saúde cardíaca" quando, ainda por cima, somente foram utilizados ISRS!

Convenhamos que é uma ilação muito pouco fundamentada. Mas que, infelizmente, talvez consiga promover a venda dos antidepressivos, mesmo daqueles que  podem desencadear reações adversas  cardíacas, caso comprovado dos antidepressivos tricíclicos...

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