Parece que está a despontar uma nova moda. Há dias, foi a pianista Maria João Pires a anunciar a intenção de renunciar à nacionalidade portuguesa e optar pela nacionalidade brasileira. Agora, é Miguel Sousa Tavares, jornalista, comentador e escritor, que está a pensar ir-se embora para o Brasil. Diz ele, das razões que o motivam:(link) "É um país novo, de que eu gosto há muitos anos. E sou muito bem tratado sem ser popular na rua, o que é óptimo. É um país optimista, não está cansado, não está desiludido, sem esperança. Mesmo que agora haja tanta asneira feita no Brasil, todos os dias, não é? Só que eles têm espaço e tempo para uma maior dose de asneira do que nós" .../... "Nós somos muito macambúzios, eu estou muito macambúzio também. Sinto, pela primeira vez na vida, que estou a precisar de uma sacudidela e que não vai ser aqui…" .../... "Portugal não tem capacidade de aprender com os erros cometidos. Repetimos os mesmos erros. Umas vezes por burrice, outras por desonestidade pura e simples, oportunidade de negócio, etc."
Mas a eventual "deserção" de Miguel Sousa Tavares não tem o mesmo significado que a renúncia à nacionalidade portuguesa por Maria João Pires. A pianista é mundialmente conhecida, as sua capacidades, o seu génio, são dons raros, que só poucos alcançam ou possuem. Miguel Sousa Tavares, pelo contrário, é apenas um dos múltiplos manipuladores da palavra que por aí pululam, nos jornais, nas revistas, na televisão. Pretensos iluminados, conhecedores da "Verdade", debitando comentários truculentos a propósito de tudo e de nada, criticando a propósito e a despropósito, desdenhando dos que discordam, desprezando os que se lhes opõem. Enfim, pertence a uma fauna que poderá adaptar-se facilmente ao "clima" brasileiro e cuja falta em Portugal não será notada. Ainda ficam por cá demasiados espécimenes...
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