Oportuníssimo artigo de opinião do economista João Ferreira do Amaral, publicado hoje no jornal online "Página1", que se transcreve com a devida vénia:
«As questões relativas ao envelhecimento da população são quase sempre tratadas pelos economistas como constituindo problemas difíceis que as sociedades actuais têm de encarar e de resolver. É verdade que, num certo sentido, têm razão. É excelente vivermos mais e em melhores condições, mas isso não nos deve fazer esquecer que temos de encontrar os mecanismos económicos e financeiros que possibilitem esse alargamento da vida média – o que está longe de ser fácil.
Mas se o envelhecimento traz desafios, a verdade é que cria também algumas potencialidades do ponto de vista económico. Uma delas tem a ver com o capital humano, ou seja com os conhecimentos de que as pessoas dispõem.
Quando alguém morre, a Sociedade, para além da tristeza que a perda de uma vida humana sempre ocasiona, perde também a possibilidade de beneficiar dos conhecimentos e da experiência de quem morre.
Quando a vida média aumenta, como nas sociedades actuais, a Sociedade pode beneficiar mais tempo deste capital de conhecimento que se vai acumulando nas pessoas de mais idade. Isto é tanto mais importante quanto nas economias actuais o conhecimento está na base do progresso. Nas sociedades tradicionais, quando o trabalho humano era em grande parte braçal, o envelhecimento era sobretudo um encargo, que só não era maior porque a generalidade das pessoas vivia pouco tempo. Mas nas sociedades actuais, com o conhecimento no centro da economia, o alargamento da vida média é também um recurso a utilizar. Por isso, as sociedades terão toda a vantagem em encontrar rapidamente mecanismos inovadores que ponham o capital humano acumulado pelos de mais idade ao serviço de todos. A verdade é que há ainda muito a fazer neste domínio.»
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