quinta-feira, 5 de março de 2009

As ilhas do Porto

Ilha situada perto da Rua da Constituição.

A origem das ilhas da Cidade do Porto remonta à segunda metade do século XIX, época da industrialização, como resposta possível à inexistência de habitações que servissem a crescente procura por parte dos operários. Estes, provinham de populações oriundas sobretudo do Minho, de Trás-os-Montes e Alto Douro e da Beira Alta, que procuravam na cidade resposta para a crise rural que se vivia naquelas regiões.

A procura de alojamentos baratos fez surgir estes aglomerados de pequenas habitações, dispostas em fila, cada uma das quais raramente ultrapassava os 16 metros quadrados, com um único portal de entrada, que partilhavam equipamentos colectivos, como retretes (em média uma retrete por cada cinco casas), lavadouro, poço, etc. Estas ilhas eram geralmente construídas nos quintais das casas da classe média que davam para a rua. A exiguidade do espaço doméstico, reforçava a utilização dos espaços comuns, intensificando as relações de entreajuda e de solidariedade, mas também a conflitualidade. De facto, as características físicas das casas, por vezes separadas das habitações contíguas por simples tabiques, dificultavam o isolamento e a intimidade.

No entanto, as ilhas acabariam por constituir a forma de alojamento popular mais vulgarizado na cidade. Entre 1878 e 1890 teriam sido construídas 5.100 habitações nas ilhas (metade das que existiriam ainda em 1900), onde segundo Ricardo Jorge habitaria, em 1899, um terço da população da cidade! No final do século XX mais de nove mil pessoas, residiam ainda em 1127 núcleos de ilhas constituídos por 7654 fogos habitados.

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