quinta-feira, 15 de setembro de 2016

A obsolescência programada

Com a devida vénia, transcrevem-se alguns excertos do interessantíssimo e muito actual post da autoria de Paulo M. Guerrinha, intitulado "Apple é doutorada na obsolescência programada", publicado ontem no blogue "novosmedia":

.../... «A obsolescência programada não é mais do que a decisão de uma empresa, de forma propositada, desenvolver, fabricar e distribuir um produto para consumo de forma que se torne obsoleto ou não-funcional especificamente para forçar o consumidor a comprar a nova geração do produto.

Mesmo não nos apercebendo disso, lá vamos questionando porque razão temos, por exemplo, de trocar de telemóvel (porque ficou mais lento, dá erros, as fotos têm pior qualidade do que as versões mais recentes). Também somos condicionados pela sociedade de consumo. Afinal, num país "desenvolvido" ter as versões mais recentes é algo quase inato. Seja um telefone ou uma televisão.

.../... A primeira grande vítima da obsolescência programada foram as lâmpadas. E neste documentário pode saber mais sobre este fenómeno que foi pensado por aquele que é considerado o primeiro grande cartel a nível mundial. Para exemplificar este fenómeno, dão o exemplo da lâmpada do quartel de bombeiros de Livermore, Califórnia, que está acesa há mais de 100 anos. Uma lâmpada com direito a uma comissão própria e transmissão em direto via webcam.

Uma forma de fazer "mexer" a economia, dirão alguns, um desastre para o ambiente, defendem outros. Principalmente aqueles que em países de terceiro mundo, como o Gana, sofrem as consequências do desperdício ambiental.

A Apple, que acaba de lançar o novo iphone 7, e o sistema operativo 10, tem sido mestre na aplicação desta estratégia. A cada nova atualização do sistema operativo, os telemóveis perdem qualidade, geram avarias, mesmo quando a utilização é feita de forma cuidada. O consumidor nada pode fazer para evitar trocar para a versão mais recente. A não ser desistir da marca. Desta vez, há quem tenha ficado com o telefone sem funcionar após a atualização para o IOS 10.

Eu sou daqueles que comprou o primeiro iphone, ainda nos EUA, e tive de usar o Jailbreak para poder funcionar em Portugal. Como tal, nunca fiz update do sistema operativo. Resultado, o telefone ainda funciona, da mesma forma como funcionava no primeiro dia em que abri a caixa. A bem da verdade, o WI-Fi deixou de funcionar, e foi essa uma das razões que me levou a adquirir a versão 4, que ainda possuo.

O botão home já avariou, típico nesta versão do iphone 4, e atualmente (devido a uma queda) o botão de ligar está encravado. Há uns meses, e assim vai ficar. Onde pretendo chegar com isto, é à perda de qualidade no funcionamento do aparelho a cada atualização do sistema operativo.

Como também sou fotógrafo, uma das coisas que me fascinou nos smartphones foi a capacidade das suas câmeras, das fotografias captadas. Mas, acreditem, notam-se bem as diferenças, a perda de qualidade, de uma foto tirada no primeiro dia em que abri o iphone 4, comparada com uma tirada, nas mesmas condições, hoje. Tudo isto foi sucedendo à medida que surgiam novas atualizações do sistema operativo. Mais latência, mais ruído em condições de pouca luz, pior qualidade da foto, em geral.

No entanto, sempre resisti à tentação de adquirir o iphone 5 ou 6. Tive a primeira versão de todas e o 4 e aguardava pelo 7 para fazer a troca. No entanto, além de ter pouca novidade, perdi um pouco a vontade de o comprar. Além do preço elevado, o sistema operativo parece vir incluído com uma ainda maior tendência para a obsolescência programada. Que o digam os utilizadores que fizeram update para o IOS 10 e que ficaram com os iphones "mortos".

A Apple não é a única empresa a recorrer a este sistema. A sociedade de consumo obriga a que, cada vez mais, as empresas usem este esquema para desencadear novas compras. E isto acontece num telefone, numa lâmpada ou num carro.

Juntando isto à "necessidade" que temos de comprar coisas novas, é fácil perceber que o consumo desenfreado vai continuar, até à exaustão do planeta. Além disso, quando pensamos no tema, se um produto for muito duradouro, perde a empresa, mas perdem também os operários que ficam sem emprego.».../...

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