domingo, 9 de outubro de 2016

António Guterres, hoje. E antes?

Da crónica de opinião de João Miguel Tavares, intitulada "Santo António de Nova Iorque", publicada ontem no jornal diário "Público", transcreve-se a parte final, com a merecida vénia:


.../... «António Guterres foi primeiro-ministro durante sete anos e esteve durante quase duas décadas na primeira linha da vida pública portuguesa. Conhecemos as suas qualidades, que têm sido devidamente realçadas, mas também conhecemos os seus defeitos, que é como se se tivessem eclipsado. Parece que ao longo da vida a única pessoa que Guterres chamou para trabalhar ao seu lado foi Angelina Jolie. Não foi. Também chamou Armando Vara e José Sócrates. Tal como Cavaco chamou Duarte Lima ou Dias Loureiro. Foi padrinho de gente pouco recomendável, com quem conspirou, que usou e protegeu durante muito tempo. Isto não tem de ser sublinhado a caneta fluorescente, mas também não pode ser eliminado do seu percurso. Pelo contrário. O que eu quero é saber se o Guterres de 2016 é o mesmo de 1996. Saber de que forma dez anos na ACNUR mudaram a sua vida e a sua personalidade. Se continua indeciso e conciliador ou ficou mais decidido e interveniente após tudo aquilo que viu e ouviu nos lugares mais desolados do mundo. São estas questões que merecem ser respondidas, e isso pressupõe a espessura de um homem e não a estreiteza de um anjo. É sobre isto que um jornalismo que se quer adulto, e não provinciano, deve reflectir. Parem com as hagiografias. Portugal já tem um Santo António. Não precisa de outro.»

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