sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Arvo Pärt, compositor minimalista

Arvo Pärt, compositor erudito estoniano, de estilo minimalista, nasceu no dia 11 de Setembro de 1935 em Paide.

Arvo Pärt presenciou, em 1944, a ocupação da Estónia pela União Soviética, ocupação que duraria 50 anos e que lhe deixou marcas profundas. Em 1954 ingressou na escola secundária de música de Tallinn, a capital do seu país. No ano seguinte iniciou o seu serviço militar, durante o qual faz parte da banda, onde tocou oboé e caixa. Em 1957 ingressou no Conservatório de Tallinn, onde estudou com Heino Eller. Paralelamente começou a trabalhar numa emissora de rádio, como engenheiro de som, posto que ocupou de 1958 a 1967. Em 1962, uma das suas composições escrita para coro infantil e orquestra, "Nosso jardim", que havia escrito em 1959, deu-lhe o primeiro prémio dos jovens compositores da URSS. Em 1963 foi diplomado pelo Conservatório de Tallinn. Nessa época, compôs também para o cinema.

No começo da década de 1960, Arvo Pärt iniciou-se na composição serial, com as suas duas primeiras sinfonias. Isso originou inimizades, dado que a música serial era considerada como um avatar da decadência burguesa ocidental. Politicamente incorrectas, no contexto soviético, eram também as suas composições de inspiração religiosa e a técnica de colagem que adoptou por algum tempo. Nessas circunstâncias, a sua obra foi severamente limitada. No final da década de 1960, a meio a uma crise pessoal que bloqueou a sua criatividade, Arvo Pärt renunciou ao serialismo e, mais amplamente, à composição. Durante vários anos, dedicou-se ao estudo do canto gregoriano e dos compositores renascentistas franco-flamengos, como Josquin des Prés, Machaut, Obrecht e Ockeghem. Esses estudos e reflexões resultaram na elaboração de uma peça de transição, a Sinfonia n° 3 (1971).

A evolução estilística de Arvo Pärt tornou-se particularmente notável em 1976, com a composição de uma peça para piano que se tornou célebre, Für Alina, que marca uma ruptura com as suas primeiras obras e preparou o terreno para seu novo estilo, qualificado por ele mesmo de "estilo tintinnabulum" (do latim, "pequenos sinos"). O compositor explica: "Eu trabalho com bem poucos elementos, somente uma ou duas vozes. Construo a partir de um material primitivo, com o acorde perfeito, com uma tonalidade específica. As três notas de um acorde perfeito são como sinos. Por isso eu designei-o "tintinnabulação". No ano seguinte, Pärt escreveu, nesse novo estilo, três das suas peças mais importantes e reconhecidas Fratres, Cantus in Memoriam Benjamin Britten e Tabula rasa.

Os problemas constantes com a censura soviética levaram Arvo Pärt a, finalmente, emigrar em 1980, com sua esposa e os dois filhos. Inicialmente foi para Viena, onde obteve a cidadania austríaca. No ano seguinte, partiu para Berlim Ocidental e passou frequentemente temporadas perto de Colchester, Essex. Por volta do ano 2000, voltou à Estónia e hoje vive em Talinn.

Criador de uma música apurada, de inspiração profundamente religiosa, associada por alguns à música pós-moderna, Arvo Pärt aprofunda actualmente o seu "estilo tintinnabulum". As suas obras têm sido executadas em todo o mundo e foram objecto de mais de 80 gravações, além de terem sido muito usadas em trilhas sonoras de filmes e em espectáculos de dança. É dele, por exemplo, a composição que Jean-Luc Godard utilizou em Dans le noir du temps, episódio do filme Ten Minutes Older, The Cello (2002). A obra foi também usada em inúmeras produções cinematográficas e televisivas.

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