Alfredo Volpi Claira Machado, pintor brasileiro de origem italiana, considerado pela crítica como um dos artistas mais importantes da segunda geração do modernismo, nasceu no dia 14 de Abril de 1896 em Lucca, Itália.
Em 1897, a família Volpi emigrou para São Paulo, Brasil fixando-se na região do Ipiranga, com um pequeno comércio. Destino comum dos filhos de imigrantes italianos, Volpi iniciou-se em trabalhos artesanais (começou por ser trolha) e, em 1911, tornou-se pintor decorador.
Autodidacta, Volpi começou a executar murais decorativos. Posteriormente passou a trabalhar a óleo sobre madeira, consagrando-se como mestre utilizador de têmpera sobre tela.
Grande colorista, Volpi explorou, através das formas, composições magníficas, de grande impacto visual. Em conjunto com Arcangelo Ianelli e Aldir Mendes de Sousa formou uma tríade de exímios coloristas, tema do livro intitulado 3 Coloristas, escrito por Alberto Beuttenmüller (Ed. IOB, Julho de 1989).
Trabalhou também como pintor decorador em residências da sociedade paulista da época, executando trabalho de decoração artística em paredes e murais juntamente com Antonio Ponce Paz, pintor e escultor espanhol que se tornou grande amigo de Volpi.
Alfredo Volpi participou em exposições colectivas a partir de 1934, tendo conquistado dois prémios na Bienal de São Paulo em 1953, um dos quais o de melhor pintor nacional. Realizou a primeira exposição individual aos 47 anos de idade, expondo no Salão de Maio e na 1.ª Exposição da Família Artística Paulista, no ano de 1938, na cidade de São Paulo.
Na década de 1950 Volpi evoluiu para o abstraccionismo geométrico, de que é exemplo a série de bandeiras e mastros de festas juninas (festas de S. João). Participou da primeira Exposição de Arte Concreta com o Grupo Santa Helena. Faziam parte deste Grupo os pintores Aldo Bonadei, Clóvis Graciano, Fúlvio Penacchi e Ernesto de Fiori que teve grande influência no trabalho de Volpi. A denominação do Grupo, e a inserção de Volpi nele, foi originada mais pela proximidade física dos pintores (que pintavam em uma sala do Edifício Santa Helena) e pela sua origem comum, do que por uma identificação estética. Volpi destoava do grupo especialmente por não ser um pintor conservador.
Em 1970 Alfredo Volpi conquistou o Golfinho de Ouro, do Museu da Imagem e do Som.
Mulata, Alfredo Volpi, 1927, Museu de Arte Moderna, São Paulo, Brasil |
Alfredo Volpi havia conhecido, em 1927, o seu grande amor, uma pessoa a quem muito se afeiçoou, uma garçonete chamada Benedita da Conceição, apelidada de Judith, com quem teve uma filha, Eugénia. É quase certo que Judith terá sido sua modelo para o quadro Mulata (1927). Volpi teve outros três filhos, tendo havido disputa entre os seus herdeiros, inclusive com a destituição de Eugénia da função de inventariante, pois ela tentou assumir a administração do espólio como se fosse a sua única herdeira.
Embora sensível às correntes estéticas modernas, Alfredo Volpi nunca perdeu o contacto com as suas raízes primitivas de artesão, sendo, pela ingenuidade e pureza, o mais brasileiro dos grandes pintores do Brasil contemporâneo.
Alfredo Volpi nunca se naturalizou, mas o seu coração era brasileiro. Visitou o seu país de origem uma única vez, em 1950. Viria a falecer em São Paulo no dia 28 de Maio de 1988.
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