Como explicar o êxito de um filme a preto e branco e mudo num mundo inundado por obras em 3D, com espectaculares efeitos especiais, ambientes sonoros surround e paletas de cores deslumbrantes? Talvez porque "O Artista" (The Artist), de Michel Hazanavicius, filme simples, é sobretudo uma tocante e inesperada homenagem ao cinema.
A obra conta-nos a história de uma estrela do cinema mudo, George Valentin (Jean Dujardin), e da sua resistência e inadaptação ao aparecimento e explosão do cinema sonoro. Incapaz de adoptar a nova e promissora realidade e de ultrapassar os primeiros fracassos, vai encontrar a ajuda que necessita em Peppy Miller (Bérénice Bejo), uma actriz lançada anteriormente por ele próprio.
Filme mudo, há que reconhecer que as expressivas interpretações de Dujardin e Bérénice tornam desnecessário o diálogo audível. Em contrapartida, a banda sonora é um excelente complemento da acção, fazendo sobressair ou sublinhando, na altura própria, os planos românticos, risonhos ou mais dramáticos do argumento. Há também a presença de Uggie, um pequeno cachorro Jack Russell Terrier, insuperável no desempenho e na graça, com um inesperado mas importante papel no desenlace do filme.
Com 10 nomeações para os Óscares, olhando para os muitos prémios que já ganhou, este filme francês vai ser, sem dúvida, um dos grandes vencedores da cerimónia do próximo dia 26 em Hollywood. Pena que o cachorro Uggie, vencedor da primeira Coleira de Ouro (Golden Collar), prémio criado para reconhecer a excelência canina em Hollywood, não tenha sido convidado!
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