domingo, 21 de novembro de 2010

"Inside Job - A Verdade da Crise"

Este documentário ("Inside Job") de Charles Ferguson, com argumento de Charles Ferguson, Chad BeckAdam Bolt, é um documento não só muito interessante, mas também especialmente importante.

Começa por apresentar um breve retrospectiva sobre as origens mais remotas da crise financeira, faz depois uma cronologia do seu  desenvolvimento e apresenta-nos  as respectivas causas e repercussões económicas e sociais.  Ferguson explica-nos como os mercados norte-americanos chegaram ao ponto a que chegaram devido à inexistência de regulamentação, o que permitia que as instituições financeiras lucrassem com produtos que sabiam que iam prejudicar as pessoas que lhes confiavam as poupanças, que lhes pediam créditos para consumo, ou que contraíam empréstimos para compra de habitação. Apesar de terem existido pessoas credenciadas que alertaram para a situação de descalabro iminente, as entidades reguladoras não tiveram interesse em atender os seus avisos.

Por último, Ferguson apresenta a situação actual local e mundial e perspectiva o seu desenvolvimento futuro. Que ele não augura nada risonho, pois muitas das pessoas que tiveram responsabilidade na crise, estão na Administração Obama, ou são seus conselheiros ou consultores. Acresce que o próprio meio académico tem demonstrado ser permeável às influências dos grandes grupos financeiros, que lhes encomendam estudos e pareceres técnicos que acabam por ser tendenciosos. Por isso mesmo, Ferguson acaba por fazer uma avaliação positiva da pressão que os mercados internacionais, nomeadamente o europeu, têm exercido directa e indirectamente nos E.U.A., através da regulamentação rigorosa dos seus próprios mercados financeiros que têm recentemente procurado implementar.

Este excelente documentário merecia ser utilizado como instrumento didáctico nas escolas de economia e de finanças. Devia ser também divulgado, embora de uma forma resumida, pela generalidade dos cidadãos, para que tomem consciência, aqueles que ainda a não têm, de que todos nós vivemos  sempre sujeitos aos interesses, caprichos e ganância do mundo da finança.

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