.../... «Saramago traçou dois objectivos ao criar esta polémica: espetar mais um prego na crucificação da Igreja Católica e através da agressão suscitar o debate e vender a sua obra.
.../... O plano de Saramago não é perfeito e o escritor pode ter caído numa cilada de Deus.
.../... Ao inaugurar a sua nova piscina literária baptizando-a de Caim, Saramago anunciou aos nadadores da literatura um oceano infinito chamado Bíblia. E ninguém vai querer um patinho de borracha ou uma bóia numa piscina com cloro quando pode pescar e mergulhar num oceano de águas profundas. A mensagem de Saramago revelou que o escritor pode ser apenas o mensageiro para abrir as páginas de um livro esquecido.
.../... Saramago tem razão! Mas não tem fé! E a razão sem fé é como a justiça cega. O que inquieta Saramago é a sua lógica contraditória. Como é que um Deus que só existe na cabeça das pessoas as influencia tanto?
“A neve não existe pois nunca a vi nem tive dela qualquer sinal”, é assim que se expressa a lógica de um ateu tropical pouco viajado. Mas Saramago tem viajado pelas Escrituras e já viu neve, mas tem medo de lhe tocar e de ser tocado.Só falta mesmo olhar para cima e ver a luz do Deus que lhe brilha no seu pensamento.
A estratégia de Saramago transformou-o no maior publicitário português da Bíblia. Mesmo que Deus não exista ele conseguiu fazer o que muitos pregadores tentaram mas raramente fizeram, trazer os desiludidos com a religião de volta às Escrituras.»
Opinião de João Pedro Martins, Sociólogo das Religiões, no jornal "Diário de Notícias" de 2009.10.24 (Artigo completo aqui)
E, mais uma vez, Deus terá escrito direito por linhas tortas...
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