Não obstante as quase quatro horas de duração, no conjunto dos dois filmes, Steven Soderbergh dá-nos uma perspectiva limitada da personalidade e da vida pública de "Che" Guevara, pois interessa-se, sobretudo, pelas suas proezas de guerrilheiro. Em "O Argentino", pouco ou nada é contado acerca de Ernesto Rafael Guevara de la Serna, das suas origens, do seu carácter, da educação, da vida em família, da sua profissão como médico, bem como do contexto político em que a viveu, das suas viagens pela América do Sul e Central e das motivações e influências que o predestinariam a uma empenhada vida de luta internacionalista pela libertação de povos subjugados por um imperialismo desumano, duro e implacável. O segundo filme, "Guerrilha", reduz-se quase a uma mera ilustração cinematográfica, árida, de alguns dos apontamentos do "Che" no seu diário da Bolívia, até à sua morte. Para quem, conhecendo com alguma profundidade a vida de "Che" Guevara, esperava nesta obra de Soderbergh, vê-la relatada sob uma perspectiva histórica, a desilusão será enorme. Para aqueles que apenas conheciam o "Che" pelo mediatismo do seu nome e da sua fama, pouco mais ficarão a saber. E é pena, porque os recursos que foram utilizados e o dinheiro gasto nesta grande produção mereciam melhor destino. De salientar a interpretação de Benicio Del Toro, merecedora do prémio do Festival de Cannes 2008 (por "Che - O Argentino").
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