quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

A Revolta dos Taberneiros

«.../...Com a fundação, em 1756, da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, a venda, no Porto, do vinho a retalho passou a ser um negócio exclusivo da Companhia. Os taberneiros da cidade é que não gostaram da medida do primeiro-ministro de D. José, o celebrado Marquês de Pombal, e revoltaram-se, na manhã do dia 23 de Fevereiro de 1757. Aos protestos dos comerciantes juntou-se o do povo. Aqueles temiam a sua ruína económica; este receava o aumento do preço do vinho. Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês, castigaria, posteriormente, os revoltosos, de forma bárbara e severa. .../... No Largo de S. Domingos "junto ao chafariz, vivia o juiz do povo. Os amotinados entraram-lhe em casa e foram encontrá-lo na cama, doente. Obrigaram-no a entrar numa cadeirinha em que o conduziram até à residência do chanceler para lhe solicitar a extinção da Companhia. Andavam nisto, de um lado para o outro, entre seis e sete mil pessoas, no meio de um grande alvoroço enquanto, nas torres da Catedral e da igreja da Misericórdia, os sinos tocavam a rebate... .../...»
(Retirado de "Um Passeio pelo Porto", de Germano Silva)

«.../... Sebastião de Carvalho determinou logo considerar como uma rebelião formal contra a pessoa do rei e os seus fautores como réus do crime de lesa-majestade. Bem sabia ele que a revolta não tivera a importância que lhe quis dar, mas convinha-lhe considerá-la assim, em primeiro lugar para ensinar aos portuenses que não se desatendiam impunemente as suas ordens, em segundo lugar para que todos ficassem bem cientes de que se considerava tão inviolável como a pessoa do rei, de que as suas ordens deviam ser tão respeitadas como se as pronunciasse a própria boca do monarca.../.... Nomeou logo uma alçada, de que fazia parte o tristemente célebre desembargador José Mascarenhas Pacheco Pereira Coelho de Melo, e que condenou à pena de morte 21 homens e 9 mulheres, e a várias penas menos duras 155 homens e 33 mulheres. A pena de morte executou‑se no dia 11 de Outubro em 13 homens e 4 mulheres, porque os outros conseguiram evadir-se. Este facto é de todas as crueldades do Marquês de Pombal a que maior nódoa lança na sua memória, porque nunca foi tão desproporcionada a pena ao delito. .../...»
(Transcrito por Manuel Amaral, em "Portugal - Dicionário Histórico")

1 comentário:

Manuel Leitão disse...

Este Pacheco Pereira será sucessor do da História e antecessor do da "história dos pequeninos"?