Vale mesmo a pena ler o artigo completo da autoria de David Marçal publicado no "jornali" de ontem, 31 de Outubro, intitulado "Assunto: pseudociência na Faculdade de Farmácia", de que aqui ficam alguns excertos:
.../... «A homeopatia, que foi inventada há 200 anos pelo médico alemão Samuel
Hahnemann, tem vários princípios. Segundo um deles, a Lei dos
Semelhantes, uma substância capaz de provocar um determinado sintoma
numa pessoa saudável pode ser usada para tratar esse mesmo sintoma numa
pessoa doente. O que me leva a supor que, se tiver algum problema grave
com o fígado, o poderei resolver com uma aguardente velha. Mas este
princípio, francamente, não interessa muito, tendo em conta outro, de
acordo com o qual o poder curativo de uma substância será tanto maior
quanto mais diluída ela for. Pouco importa se é uma aguardente velha ou a
água dos dentes de uma velha. Como os remédios homeopáticos são
preparados através de um grande número de diluições sucessivas, no final
não sobra nada.
E aqui fica um curso básico de preparação de “medicamentos
homeopáticos”: pega-se numa gota de uma substância qualquer, a chamada
tintura-mãe, e dilui-se em 99 gotas de água. Dá-se três pancadinhas,
pega-se numa gota dessa primeira diluição e dilui-se novamente em 99
gostas de água. Se repetirmos este procedimento 28 vezes chegamos a um
preparado 30C, uma diluição (“potência”) comum em remédios homeopáticos.
A diluição total de um preparado 30C é equivalente à de uma gota de
tintura-mãe diluída em
999999999999999999999999999999999999999999999999999999999999 gotas de
água (são 60 noves).
.../...
Em coerência, os ensaios clínicos metodologicamente bem concebidos
demonstram que os remédios homeopáticos funcionam tão bem como
comprimidos de açúcar, porque são comprimidos de açúcar. Ou não será
assim? Fico, então, a aguardar pela revogação do número de Avogadro,
pelas provas experimentais reprodutíveis de que a água tem memória e
pelo corpo de ensaios clínicos bem concebidos que demonstre a eficácia
dos remédios homeopáticos. Até lá, julgo que a homeopatia não tem lugar
numa faculdade de farmácia que deseje ser levada a sério.»
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