sábado, 1 de novembro de 2014

Sobre outra treta, a homeopatia...

Vale mesmo a pena ler o artigo completo da autoria de David Marçal publicado no "jornali" de ontem, 31 de Outubro, intitulado "Assunto: pseudociência na Faculdade de Farmácia", de que aqui ficam alguns excertos:

.../... «A homeopatia, que foi inventada há 200 anos pelo médico alemão Samuel Hahnemann, tem vários princípios. Segundo um deles, a Lei dos Semelhantes, uma substância capaz de provocar um determinado sintoma numa pessoa saudável pode ser usada para tratar esse mesmo sintoma numa pessoa doente. O que me leva a supor que, se tiver algum problema grave com o fígado, o poderei resolver com uma aguardente velha. Mas este princípio, francamente, não interessa muito, tendo em conta outro, de acordo com o qual o poder curativo de uma substância será tanto maior quanto mais diluída ela for. Pouco importa se é uma aguardente velha ou a água dos dentes de uma velha. Como os remédios homeopáticos são preparados através de um grande número de diluições sucessivas, no final não sobra nada.

E aqui fica um curso básico de preparação de “medicamentos homeopáticos”: pega-se numa gota de uma substância qualquer, a chamada tintura-mãe, e dilui-se em 99 gotas de água. Dá-se três pancadinhas, pega-se numa gota dessa primeira diluição e dilui-se novamente em 99 gostas de água. Se repetirmos este procedimento 28 vezes chegamos a um preparado 30C, uma diluição (“potência”) comum em remédios homeopáticos. A diluição total de um preparado 30C é equivalente à de uma gota de tintura-mãe diluída em 999999999999999999999999999999999999999999999999999999999999 gotas de água (são 60 noves). 
.../...
Em coerência, os ensaios clínicos metodologicamente bem concebidos demonstram que os remédios homeopáticos funcionam tão bem como comprimidos de açúcar, porque são comprimidos de açúcar. Ou não será assim? Fico, então, a aguardar pela revogação do número de Avogadro, pelas provas experimentais reprodutíveis de que a água tem memória e pelo corpo de ensaios clínicos bem concebidos que demonstre a eficácia dos remédios homeopáticos. Até lá, julgo que a homeopatia não tem lugar numa faculdade de farmácia que deseje ser levada a sério.»

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