terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Ser político? Vale a pena pensar nisso?

De uma newsletter, exclusiva para assinantes do jornal "Público", da autoria da jornalista Teresa de Sousa, com o título "É tempo de parar para reflectir", tomo a liberdade, com a devida vénia, de transcrever a sua parte final,

.../...«recrutar fora das máquinas partidárias é cada vez mais difícil. Por duas razões. A remuneração dos políticos, em Portugal, consegue afastar qualquer pessoa com uma carreira e uma vida organizada. Ninguém tem coragem de dizer que é assim e, muito menos, de propor a sua correcção. A segunda razão tem a ver com a exposição pública, que deixou de ser uma coisa normal, à qual os detentores de cargos públicos têm de estar sujeitos, para passar a ser puro voyeurismo. Do próprio, da família, dos amigos, dos sócios, do que fez há 20 anos, há dez ou no ano passado. As redes sociais, onde o insulto é livre e a suspeição também, dão um poderoso contributo. O campo de recrutamento reduz-se. Até porque, felizmente, ninguém é perfeito. Começa a não compensar assumir os cargos públicos mais relevantes a não ser que não se saiba fazer outra coisa, por boas ou por más razões.

A ideia de serviço público degradou-se. Estamos, caro leitor, cara leitora, num daqueles momentos em que é nossa obrigação de cidadãos separar o trigo do joio, dar um passo atrás e encontrar tempo para reflectir. E, sobretudo, temos a obrigação de não nos deixarmos enganar pelos discursos populistas que ganham cada vez mais terreno no debate público, quase sem nos darmos por isso.»

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