Com a devida e merecida vénia, eis a opinião do "Bilhete Postal" publicado no jornal "Correio da Manhã" online, da autoria do colunista Carlos Rodrigues,
«O episódio de criação de uma lista de 36 perguntas a colocar a todos os putativos ministros ou secretários de Estado antes de poderem ser escolhidos entra diretamente para a galeria dos momentos mais ridículos da história da nossa democracia. Vamos por partes.
Quem aceita ser um servidor público tem uma responsabilidade acrescida: zelar pela coisa pública, uma honra acima de todas as outras. Se esse servidor público tem de escolher colaboradores, seja ministros seja secretários de Estado, deve obrigatoriamente aplicar os critérios mais finos e aturados de seleção, porque está a selecionar outros servidores públicos, que por sua vez pugnarão pelo interesse público, e assim sucessivamente.
Qualquer escolha mal informada, sem sopesar qualidades e eventuais defeitos, é uma prova de mau profissionalismo, uma falha de cidadania que deve envergonhar quem nela incorre. Ora, substituir esta obrigação mínima por uma lista apressada de perguntas, feitas a pensar na espuma dos dias e em resposta a problemas provocados por erros políticos, é, na melhor das hipóteses, atirar areia para os olhos dos cidadãos. E o pior é imaginar que os cidadãos não topam à légua que estão a ser endrominados por políticos em dificuldades. Portanto, vamos ser sérios: a lista de 36 perguntas é uma anedota engendrada por quem se vê numa situação difícil e precisa de uma saída. Esqueçamo-la rapidamente.»
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