terça-feira, 27 de junho de 2017

O país que somos

Com a devida vénia, alguns excertos do artigo de opinião da autoria de Luís Paulino Pereira, médico do Centro de Saúde da Ajuda, publicado ontem no jornal "Sol" online, sob o mesmo título, "O país que somos":

.../...«Uma notícia dada há tempos pela TSF, segundo a qual um estudo da União Europeia revelava que um em cada quatro portugueses nunca ouvira falar da União Europeia,
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Não tenho responsabilidades governativas, nem me compete tirar conclusões acerca deste estudo - mas, como cidadão, tenho direito a exprimir a minha indignação e a enorme tristeza por tão pobre resultado.

Pela análise que faço à luz da minha experiência clínica, por muito que me custe reconhecê-lo, não fico surpreendido com este resultado demolidor que a todos nos envergonha.

Sejamos realistas. O grau de instrução do nosso país é, de um modo geral, baixo, e o investimento que devia ser feito acaba por ser desviado para outras áreas. Acresce ainda todo o ambiente que nos rodeia. A televisão que nos ‘alimenta’ e acompanha para todo o lado, o que mostra? Telenovelas a todas as horas, debates sobre futebol em todos os canais e programas recreativos sem qualidade ou interesse cultural. É o que tem audiência!

Passamos junto a uma banca de jornais e o que vemos? Revistas a dar visibilidade a pessoas que nada fizeram para a merecer, mas que se vão tornando conhecidas por aparecerem nos programas televisivos. É o que vende! Sexo, violência ou crime é do que o povo mais gosta, desperta curiosidade e é o que é notícia! Com todos estes condimentos, que temos a esperar?

No meu campo específico, constatamos cada vez mais o desconhecimento dos doentes em relação a tudo, ignorando aquilo que é mais básico e elementar. Daí sentir-se a necessidade de investir a sério numa verdadeira ‘Educação para a Saúde’, área essa de que muito se tem falado mas pouco se tem feito.

O problema do ato médico tem de ser revisto, e a solução passa obrigatoriamente por dar mais tempo às consultas. Não para registar melhor este ou aquele indicador, que só serve para fins estatísticos ou para ‘enfeitar’ programas informáticos. Mas para se poder descer ao pormenor e explicar cuidadosamente aos doentes o que podem e devem fazer.»
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