sexta-feira, 3 de março de 2017

Ruy Coelho


Ruy Coelho, compositor, chefe de orquestra e crítico musical português, considerado o principal dinamizador da ópera portuguesa do século XX, nasceu no dia 3 de Março de 1889 em Alcácer do Sal.

Ruy Coelho estudou no Conservatório Nacional de Lisboa e aperfeiçoou-se em Berlim de 1909 a 1914 com Humperdinck, Schönberg e Max Bruch.

No dia 10 de Junho de 1914 Ruy Coelho apresentou no Teatro de S. Carlos a sua Sinfonia Camoniana n.º 1, cantada por um conjunto de 500 vozes, caso inédito no país.

Com Canções de Saudade e Amor (1918) Ruy Coelho introduziu o lied em Portugal e com A Princesa dos Sapatos de Ferro (1918), com argumento de António Ferro, iniciou a música de bailado português. A mesma preocupação nacionalista levou-o a compor a ópera Crisfal (1919). Defendeu, através de vários artigos e pequenos livros, a música erudita portuguesa e a ópera cantada em português, considerando que à semelhança do que se passava na Alemanha, França e Inglaterra, as óperas deviam ser cantadas na língua do país onde eram exibidas. Argumentava que o contrário, era não só provinciano como prejudicial aos interesses da arte e do público, que não percebia verdadeiramente o que estava a ver e a ouvir.

Em 1924 Ruy Coelho viu a sua ópera Belkiss obter o primeiro prémio do Concurso Nacional de Madrid. Na sua vasta produção, merece ainda referência a oratória tima. 

Ruy Coelho fez crítica musical e foi chefe de orquestra. Exibiu as suas obras por todo o país, levando a música erudita a locais tão improváveis na época como Amadora, Almada, Aveiro, Alcácer, Beja, Covilhã, Évora, Funchal, Santarém, e vários outros. Exibiu as suas obras em diversos países europeus levando, em 1959, as primeiras companhias portuguesas de Ópera a Paris e, em 1961, a Madrid. Segundo José Blanc de Portugal, a obra orquestral de Ruy Coelho terá sido mais divulgada no estrangeiro do que em Portugal.

Ruy Coelho compôs música para filmes como "Ala-Arriba!" de 1942 e "Camões" de 1946, ambos de Leitão de Barros, ou "Rainha Santa", uma co-produção luso-espanhola.

Ruy Coelho escreveu manifestos, livros, crónicas e críticas em jornais, a maioria no "Diário de Notícias", onde colaborou durante muitos anos e de onde foi saneado por José Saramago durante o PREC. Voltou a escrever, de 1979 a 1983, umas crónicas intituladas "Histórias da Música". Foi pianista, muitas vezes empresário dos seus concertos ou edições, maestro, mas foi, fundamentalmente, compositor, tendo escrito obras musicais de vários géneros. Para além de óperas e bailados música sinfónica e de câmara, lieder e música religiosa, escreveu até o "Hino da Cidade de Lisboa" e o famoso fado de Coimbra "O Beijo", sobre poema de Afonso Lopes Vieira, fado que, tendo sido popularizado por António Menano, é por vezes erradamente atribuído a esse célebre fadista.

Ruy Coelho morreu em Lisboa, a 5 de Maio de 1986.

Sem comentários: