domingo, 22 de janeiro de 2017

O Papa Francisco alerta para o perigo dos salvadores que nos defendem com “muros”

O Papa Francisco espera para ver o que vai fazer Donald Trump como Presidente dos EUA, mas numa entrevista ao periódico El País deixa um alerta que encaixa em algumas ideias defendidas pelo novo inquilino da Casa Branca. O líder da Igreja Católica alerta para o perigo de em tempos de crise as pessoas procurarem salvadores que nos "defendem com muros".

"Em momentos de crise, não há discernimento, o que para mim é uma referência contínua. [Há o risco de] procurarmos um salvador que nos devolva a identidade e nos defenda com muros, vedações ou que for, de outros povos que nos possam tirar a identidade. E isso é muito grave. Por isso, procuro sempre dizer: dialoguem entre vós", diz o Papa na entrevista ao El País.

"O caso da Alemanha em 1933 é típico: um povo estava em crise, procurou a sua identidade e apareceu um líder carismático que prometeu dar-lhe identidade. Deu-lhe uma identidade distorcida e já sabemos o que se passou", lembra o Papa.

O Papa Francisco comentou ainda o discurso nacionalista sobre o controlo de fronteiras. "As fronteiras podem ser controladas? Sim, cada país tem direito a controlar as suas fronteiras, quem entra e quem sai. E os países que estão em perigo – de terrorismo e coisas desse estilo – ainda têm mais direito, mas nenhum país tem o direito a privar os seus cidadãos do diálogo com os vizinhos".

Questionado directamente sobre Donald Trump e o seu discurso na tomada de posse, o Papa Francisco disse que prefere esperar: "Não gosto de me antecipar aos acontecimentos, nem de julgar as pessoas antes de tempo. Veremos o que faz Trump e aí formarei a minha opinião".

O Papa Francisco mostra-se ainda preocupado com o actual estado do mundo. "Estamos na III Guerra Mundial aos bocadinhos. E ultimamente fala-se de uma possível guerra nuclear como se fosse um jogo", diz o Papa, mostrando-se igualmente preocupado com a "desproporção económica": "que um pequeno grupo da humanidade tenha mais de 80% da riqueza, com o que isso significa, e onde no centro do sistema económico está o deus dinheiro e não o homem, a mulher, o humano".

(Fonte da notícia: jornal "Público" de 21 de Janeiro de 2017)

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