quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Resposta do Bastonário, Prof. José Manuel Silva: «Erro médico, não! Evolução científica da Medicina»

«O Jornal de Notícias publicou, na sua edição de 25 de Setembro passado a notícia, que fez manchete, com o seguinte título: “Viveu 43 anos em cadeira de rodas por erro de diagnóstico”.

Nessa notícia relatava-se o caso de um doente que esteve durante anos necessitado de uma cadeira de rodas para se locomover, tendo, depois, recuperado a marcha graças à instituição de medicação com um fármaco usualmente prescrito para o tratamento da asma.

O título da notícia era, clara e deliberadamente, errado e sensacionalista, pois bastava interpretar corretamente o texto da notícia publicada, bem como os esclarecimentos que atempadamente a Ordem dos Médicos enviou ao jornalista, para que os responsáveis editoriais do jornal – em obediência ao Código Deontológico dos Jornalistas – tivessem construído outro título.

Diz o Código Deontológico: “O jornalista deve relatar os factos com rigor e exatidão e interpretá-los com honestidade. (...) O jornalista deve combater a censura e o sensacionalismo”.

O caso explica-se em poucas linhas:

Um doente foi, com os conhecimentos e exames médicos que havia disponíveis à época, diagnosticado como portador de uma determinada patologia, para a qual não havia cura nem diagnóstico exacto, sendo mantido em controlo. Mais tarde, fruto do natural evoluir do conhecimento científico médico, foi possível, através de novos exames de diagnóstico, conseguir identificar a alteração genética responsável pela doença. E, depois disso, foi possível partir para a instituição do tratamento.

O doente em causa, fruto da elevada valia técnico-científica de uma médica portuguesa, viu o seu caso corretamente diagnosticado e o tratamento corretamente instituído, com excelentes resultados.

Assim, não houve qualquer erro médico, uma vez que o diagnóstico inicial não poderia ser o que foi feito mais tarde, já que na época não havia os meios para diagnosticar a doença. Quando estes passaram a existir, uma médica portuguesa, a trabalhar num hospital público português, fez o correto diagnóstico, instituiu a terapêutica devida...e deu-se o milagre da evolução da Medicina! ...E o doente andou.

O título do artigo poderia e deveria ter sido: “’Milagre’ da Medicina põe a andar doente que estava há 43 anos em cadeira de rodas”.»

(Publicado no "Jornal de Notícias" do dia 14 de Novembro de 2016, ao abrigo do "direito de resposta")

Sem comentários: