sábado, 24 de setembro de 2016

O que leva os médicos a fugir do SNS?

«A remuneração não é o principal motivo da partida dos médicos para o privado. A falta de reconhecimento e de valorização do trabalho dos médicos agora considerados como uma engrenagem do hospital criou um mal estar profundo.»

Um muito esclarecedor artigo de opinião do dr. Jaime Teixeira Mendes, Presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, intitulado "A fuga de médicos do Serviço Nacional de Saúde", publicado hoje no jornal "Público", que vale a pena ler até ao fim.

«Segundo os dados publicados pela Administração Central de Saúde (ACSS), trabalham no Serviço Nacional de Saúde (SNS) cerca de 27 mil médicos, dos quais perto de 9000 são internos em formação, o que nos dá um rácio de 2,6 médicos por mil habitantes, muito abaixo dos 4,3 ao nível nacional.

O que leva então os médicos a fugir do SNS, não ocupando vagas abertas a concurso ou abandonando os serviços, optando pela ida para hospitais privados ou emigrando?

.../... Cotejando as várias entrevistas a médicos emigrados publicadas nos media, as justificações mais frequentes são: "não pude escolher a especialidade que queria"; "degradação da formação"; "não são pagas as horas extras"; "falta de material"; "pressionados a cumprir metas de desempenho".

A escolha da especialidade continua a ser uma prova escrita, tipo multiple choice, instituída há mais de 40 anos, que em nada corresponde aos padrões atuais e que me leva a concluir que algo está errado e este método apenas beneficia os editores do Harrison, o manual que orienta a prova. Como dizia um colega nosso, o que quero é que os jovens saibam fazer uma história clínica, auscultar e palpar um abdómen, pouco me interessa que conheçam a última nota de rodapé dos 4 capítulos do Livro "Oficial".

Quer a entrada para o curso de Medicina quer a escolha de especialidade deviam ser precedidas de entrevistas e provas orais, com isenção e imparcialidade, que pudessem avaliar as expectativas de cada aluno e o seu perfil de acordo com as exigências da profissão. Aliás, há estudos feitos a concluir que não são os melhores alunos que acabam por ser os melhores médicos.»

(Continuar a ler aqui.)

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