quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Casa de abrigo para homens vítimas de violência doméstica

A primeira casa abrigo para homens vítimas de violência doméstica abrirá a 1 de Outubro no Algarve, com capacidade para dez homens. Tem um financiamento assegurado da ordem dos 100 mil euros provenientes das receitas dos jogos sociais. É um projecto-piloto, que será reavaliado daqui a um ano. Num universo de 40 casas abrigo atualmente destinadas a mulheres vítimas de violência doméstica, esta é a primeira direcionada ao sexo masculino. 

A Secretária de Estado da Cidadania e Igualdade, Catarina Marcelino, assume ser altura de quebrar tabus e representações sociais para responder a todas as vítimas. A secretária de Estado visitou a casa abrigo e ficou "bem impressionada" com as instalações: "Vem responder a uma necessidade, faz falta. Não sabemos o que vai acontecer, ninguém sabe, mas a entidade que acolherá homens vítimas tem uma equipa técnica muito boa", reconhece a secretária de Estado. "É importante o País ter uma resposta para este problema", concorda Carlos Andrade. "Até por vergonha, os homens não procuram este tipo de solução. E se o fazem é já em situação de desespero. Quando começamos a notar isso, pensámos numa resposta. A igualdade de género está na lei e não é só a favor das mulheres", resume Carlos Andrade, presidente da Fundação António Silva Leal.

No último ano, segundo dados oficiais e da APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima), as denúncias de maus tratos por parte de vítimas do sexo masculino rondaram os 15 por cento, o mais alto valor de sempre, em mais de 26 mil queixas apresentadas a nível nacional. "Já tínhamos sugerido ao anterior governo, no âmbito da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), a abertura de uma casa abrigo para homens vítimas mas, na altura, responderam-nos que isso não era urgente", esclareceu Carlos Andrade.

Segundo o Relatório Anual de Segurança Interna e os dados recolhidos pela APAV, Lisboa, Porto e Faro continuam a ser os distritos onde foram registadas maior número de queixas, grande parte das quais tendo o cônjuge ou ex-cônjuge como agressor. 

Sem comentários: