sábado, 6 de fevereiro de 2016

É mesmo verdade? O mundo virtual da colagem, do corta-e-cola, da legenda inventada...

«(.../...) o que preocupa o cronista no momento é este assunto: há cada vez menos informação nas internetes. Grande parte de nós passa os dias nas redes sociais onde com frequência não se distingue o que é forjado do que é facto. (.../...)

Habitamos cada vez mais no mundo virtual da colagem, do corta-e-cola, da legenda inventada sobre o rosto de uma figura pública, do obituário de alguém que morreu há cinco anos, da notícia desmentida que fica por desmentir por quem a exibe perante a sua comunidade de amigos salivantes.

Muitas destas colagens de declarações mentirosas em fotografias de figuras de todas as tribos não é produzida apenas com o objectivo de fazer divertir, gesto mais do que saudável. Tem o mesmo intuito de um certo terrorismo: o de sabotar, o de confundir, o de desorientar.

Virtudes deste universo onírico? A possibilidade de, julgando-nos mui esclarecidos, vivermos todos os dias dopados em cima de um palco de variedades. Desvirtudes? Não se tratando estes assuntos de matéria artística – na qual é desejável a quimera –, podermos estar a entrar num delírio supostamente informativo que nos conduzirá, tragicamente, para uma zona obscura algures entre a demência e a desonestidade.»

(Excertos do artigo de opinião de Nuno Costa Santos, intitulado "É mesmo verdade?", publicada na revista "Sábado" do dia 28 de Janeiro de 2016)

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